Sunday, August 29, 2004

Koev li


Tenho a alma dorida.

Acordo, e não sei que fazer aos espaços vazios em mim. Saudades, saudades, saudades imensas de Israel. Saudades de comprar garinim, tão diferentes das nossas, do cheiro do refet, do cheiro das ruas. Saudades dos dias de humidade louca, em que vi um algodão-doce reduzir-se a metade do meu punho fechado em poucos segundos, dos dias de Hamsim em Eilat em que o nariz fica queimado por dentro, das perambulações pelo kibbutz de binóculos e guia de aves na mão. Saudades de não ser diferente lá (ou de o ser de forma diferente). Saudades de andar a correr as 2nd hand bookstores em redor de Tel Aviv (e garanto que as descobrimos todas) e comprar carradas de paperbacks, saudades do hebraico, de o ouvir todos os dias, de o saborear na boca, de me dançar ao ouvido, em todo o lado. Saudades do timbre tão caracteristicamente israelita. Saudades até da tão típica rudeza. Saudades, saudades, saudades.

Ontem fui a um sítio onde fui frisked por uma segurança, onde me pediram para abrir a mala. Tive dois enormes choques. O primeiro foi ser-me imediatamente familiar. Na verdade, senti-me em casa. O segundo, foi que já deixei de o fazer automaticamente. Isto é, quando voltei, e durante muitos meses após ter voltado, continuava a abrir a mala sempre entrava num centro comercial e a olhar em volta à procura do segurança; continuava a examinar num relance a incongruência ou não de vestuário, malas deixadas em cima da mesa, embrulhos no chão, autocarros junto a mim.

Acho que é essa a causa desta alma dorida hoje. Custar, custa-me todos os dias. Saudades, todos os dias, várias vezes ao dia. Mas ontem apercebi-me de que me habituei a já não estar em Israel. Ontem tornou-se-me muito óbvio que JÁ NÃO VIVO EM ISRAEL.

Uf. Koev li.

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